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segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Tipos de câmbios automáticos e cuidados na manutenção

    Nos últimos anos a quantidade de veículos equipados com transmissão automática vem crescendo exponencialmente, principalmente com os congestionamentos cada vez mais frequentes nas grandes cidades e com toda a comodidade (e evolução) que esse câmbio traz.
Apesar dessa popularização ainda existem muitos mitos em torno desse tipo de transmissão e muitos não conhecem todas tecnologias usadas e como aproveitá-lo da melhor forma. A seguir apresentaremos os principais "subtipos" de câmbios automáticos e ao final a melhor maneira de utilizá-lo, que não varia entre uma tecnologia e outra.
Cambio automático epicíclico ou simplesmente câmbio automático tradicional
    Esse tipo de câmbio é o mais comum e é popularmente conhecido simplesmente como câmbio automático, a principal característica é a presença de um conversor de torque(o mecanismo responsável por efetuar as trocas) acoplado ao motor. A sua vantagem é a grande durabilidade, sendo necessário apenas trocas de óleo(do câmbio em sí não somente do motor) a cada (geralmente) 80.000km, ou seja, se bem cuidado o custo de manutenção é baixíssimo durante toda vida útil do carro. Os principais pontos de atenção é que esse tipo costuma consumir mais combustível, "roubar potência" do motor e possuir trocas mais lentas, embora tenha evoluído muito nos últimos anos.
Câmbio Automatizado
    Após as montadoras perceberem que o consumidor cada dia mais estava em busca de câmbios automáticos para enfrentar os congestionamentos e que essa era uma demanda inclusive em carros compactos ou populares, as marcas resolveram introduzir o câmbio automatizado no mercado. Esse tipo de câmbio é muito mais simples que um câmbio automático convencional, pois não possui conversor de torque, em seu lugar existe atuadores mecânicos ou hidráulicos(mais eficientes nesse último) que realizam a troca, todo o resto é exatamente igual um câmbio manual. Ou seja, o câmbio automatizado, apesar de não visível para o condutor, possui embreagens, discos e todos os outros componentes de um câmbio manual. Se por um lado isso barateava o custo inicial, que gira em torno de R$2500 contra R$4000 dos demais automáticos, precisava de manutenção mais frequente, que nem sempre era feita por seus proprietários, causando diversos problemas em seu funcionamento, isso sem contar os trancos que apesar de atenuados nunca desapareceram completamente. Os principais câmbios dessa categoria são: Dualogic(Fiat), I-Motion(VW) e Easytronic(Chevrolet).
Uma curiosidade no entanto é que existem câmbios automatizados de dupla embreagem, que geralmente é utilizado em veículos de alta performance, isso porquê esse tipo de câmbio trabalha com duas engrenagens para engate da marcha, uma para as marchas pares e outra para marchas ímpares, ou seja, quando o câmbio engata a primeira, a segunda já está pronta para ser acoplada ao motor, portanto não há interrupção no fornecimento de potência, o consumo é mais baixo e a não existe os trancos que ocorre na versão com apenas 1 embreagem. Porém ele possui um problema em comum com o câmbio automatizado tradicional, se a manutenção não é feita corretamente(troca de embreagens e outros componentes) ou o câmbio não é utilizado da maneira correta, o câmbio começa apresentar anomalias em seu funcionamento que são caras de se reparar. O caso mais emblemático é o Powershift da Ford, que sofreu um recall mundial justamente por esse motivo e que hoje praticamente foi abolido de todos os modelos. Outra curiosidade é que esse é um dos pouquíssimos câmbios de dupla embreagem utilizados em larga escala.
 Câmbio CVT
    Esse é um dos câmbios com a maior diferença entre os demais, na verdade uma das poucas semelhanças são as posições da alavanca de câmbio e o fato de trocar as marchas de forma automática. Diferente de todos os outros câmbios esse sistema não conta com uma relação de marchas definidas, ou seja, na prática não existem marchas para serem trocadas, a rotação do motor varia de acordo com a posição de duas polias, que por sua vez é determinado de acordo com cálculos de um computador, por exemplo em subidas as polias se posicionam de uma forma a elevar a rotação do motor para gerar mais potência. Uma característica comum nesse câmbio é o barulho de "enceradeira", aquele ruído constante que dá a impressão de que o carro não tem potência, está amarrado no jargão popular, inclusive esse incômodo fez algumas marcas, como a Honda e Toyota, a definir algumas posições fixas para as polias, de modo a gerar a sensação de troca de marchas para o motorista.
O câmbio CVT é utilizado principalmente naqueles modelos cujo foco é a economia, pois nesse aspecto ele é imbatível, uma vez que a manutenção é a mesma de um automático tradicional, mas com a vantagem de que ele trabalha sempre na melhor faixa de rotação do motor, melhorando o consumo de combustível. O único porém é o já citado ruído constante e por incrível que pareça a ausência da percepção de troca de marchas, ou seja, ainda que tenhamos um carro de alta potência, a sensação sempre será que falta uma força a mais.


Cuidados no uso
    Depois de entender o conceito de maneira resumida dos principais câmbios automáticos do mercado, vale se atentar algumas regras para que o equipamento não apresente problemas e traga todo o conforto esperado, por isso vale conferir (e praticar) as seguintes dicas:
  1. Nunca estacione o carro sem utilizar o freio de estacionamento(ou freio de mão) colocando a alavanca na posição P apenas, esse processo provoca um desgaste acentuado na transmissão, podendo gerar problemas que vão desde o travamento da alavanca na posição P, até danos irreversíveis no interior do câmbio.
  2. Ainda no tópico de estacionamento, quando for estacionar o carro, sempre pare o veículo totalmente, puxe a alavanca do freio de mão(ou acione o botão se for elétrico), coloque o câmbio na posição N, tire o pé do freio e só então coloque o câmbio na posição P. Esse processo evita justamente apoiar o peso do carro no câmbio e contribui para uma vida útil maior. Importante: Após tirar o pé do freio verifique se o carro não se movimenta, caso se movimento puxe um pouco mais o freio de mão.
  3. Evite alternar entre as marchas D e R(ou vice-versa) com o carro em movimento, caso faça isso provavelmente irá sentir um leve tranco que denuncia um desgaste nas engrenagens internas do câmbio. Só realize esse procedimento se for uma situação emergencial.
  4. Não engate a marcha neutra(N) ao parar no semáfaro ou por períodos curtos, apesar de muitos recomendarem esse procedimento ele causa danos a transmissão, isso porquê nos câmbios mais antigos a lubrificação das engrenagens acontece somente no D, ou seja, se você engatar N toda vez que para no semáfaro para depois engatar o D novamente as engrenagens não estarão totalmente lubrificada e causará desgaste, além disso nos câmbios mais modernos a própria central faz a troca para o N com o carro parado(mesmo que a alavanca não se mova, pois o processo é realizado internamente e é transparente para o motorista), porém nesse caso a caixa continua recebendo lubrificação.
  5. Não acelere o carro parado e faça a troca para o D, esse processo causa um superaquecimento no óleo da transmissão e nos freios podendo causar danos irreversíveis e até a quebra imediata da caixa. Exceção: Existem alguns carros de alto desempenho que permitem esse procedimento para uma arrancada mais vigorosa, no entanto isso deve estar descrito no manual do proprietário.
  6. Efetue a troca de óleo no prazo programado(e das embreagens no caso de automatizados) que geralmente é de 80.000km, mas vale consultar o manual do proprietário.
Basicamente é isso, espero que o artigo tenha ajudado a tirar dúvidas dos tipos de câmbios existente e como operar corretamente eles. No futuro, irei escrever um artigo de como utilizar as demais funções do câmbio que pode ajudar ainda mais no dia-a-dia.

Um grande abraço,
Haroldo.

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Sobre o Autor

Editor Chefe

Haroldo, formado em Ciências da Computação e cursando Pós-graduação em Engenharia de Software, dedica seu tempo livre em postagens sobre o mundo automotivo. Desde pequeno apaixonado por carros e velocidade.

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Mildredh, formada em Ciências da Computação e participante ativa do site, postando sua visão feminina sobre diversos assuntos automobilísticos, mostrando a presença cada vez maior das mulheres ao volante.

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